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CARACTERÍSTICAS DO BOM GESTOR


| Arquivado em: WlaSan.

Profa. Maura Bolfer

Nos dias atuais a ênfase do trabalho escolar está ancorada nos processos de ensino-aprendizagem, finalidade maior de todo o esforço a ser despendido. Essa ideia representa um novo olhar para a escola e, consequentemente, uma nova postura diante dos atores escolares e do que deve ser realizado, pois subordina o caráter administrativo ao pedagógico. Isso se dá porque a aprendizagem dos alunos é a principal razão de ser da escola.


imagem: www.flickr.com

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) trata a escola e o aluno com uma ênfase que não havia sido ainda dada pelas leis que a antecederam. Ao fixar diretrizes para organizar a educação nacional, sua principal característica é a flexibilidade. Essa característica indica regras comuns a serem observadas em todos os sistemas de ensino bem como as diversas possibilidades de organização da escola e do trabalho escolar. Desse modo tende a atender as diferenças regionais e locais.
Os sistemas educacionais, como um todo, e as escolas, como unidades sociais especiais, são organismos vivos e dinâmicos. Ao serem vistas como organizações vivas, caracterizadas por uma rede de relações entre todos os elementos que nelas atuam ou interferem, a sua administração demanda um novo enfoque de organização e é a esta necessidade que a gestão escolar procura responder. Ela abrange, portanto, a dinâmica das interações, em decorrência do que o trabalho, como prática social, passa a ser o enfoque orientador da ação de gestão realizada na escola.
A lei atribui ao estabelecimento – vale dizer ao profissional ou aos profissionais que o gerenciam – uma autonomia inédita no quadro institucional da educação brasileira. Essa autonomia, cuja expressão operativa é o direito de formular e executar um projeto pedagógico próprio, não poderá ser alcançada sem uma gestão escolar sintonizada com as demandas sociais, capaz de liderar o exercício coletivo que será a negociação sobre os objetivos, meios e indicadores de resultado que cada escola identificará para cumprir sua missão, nos termos da lei. A tarefa técnica que será trabalhar conteúdos curriculares de modo a garantir aprendizagem para todos, que são distintos e diversos, exigirá o aporte dos conhecimentos e da liderança pedagógicos que se espera do especialista.
Nesse contexto, um diretor de escola é um gestor da dinâmica social, um mobilizador e orquestrador de atores, um articulador da diversidade capaz de gerar unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e na formação de seus alunos. Para tanto, em seu trabalho, presta atenção a cada evento, circunstância e ato, como parte de um conjunto de eventos, circunstâncias e atos, considerando-os globalmente, de modo interativo e dinâmico.


Os processos de construção das aptidões cognitivas e atitudinais necessárias ao gestor escolar alicerça-se em três pilares: o conhecimento, a comunicação e a historicidade. O conhecimento é o objeto específico do trabalho escolar. Portanto, a compreensão profunda do processo de (re)construção do conhecimento no ato pedagógico é um determinante da formação do gestor escolar. O segundo eixo de sua formação é a competência de interlocução. A competência linguística e comunicativa é indispensável no processo de coordenação da elaboração, execução e avaliação do projeto político-pedagógico. É fundamental a competência para a obtenção e sistematização de contribuições, para que, no processo educativo escolar, a participação seja efetiva pela inclusão das contribuições dos envolvidos, inclusive, em documentos (re)escritos. O terceiro eixo é sua inscrição histórica. A escola trabalha o conhecimento em contextos históricos específicos e determinados. O reconhecimento das demandas educacionais, como também das limitações, das possibilidades e das tendências deste contexto histórico, no qual se produz e se trabalha o conhecimento, é fundamental para o seu impacto e o sentido da prática educativa e para sua qualidade.
Esse cenário não tem apenas impacto pedagógico, mas afeta a gestão da escola e todas as demais funções de apoio ao trabalho pedagógico e à docência. Do especialista se exigirá que seja informado do que se passa em seu contexto imediato e longínquo, que estimule a abertura da escola e do currículo para os demais espaços de acesso ao conhecimento, que lidere a equipe no mar de incertezas que o novo paradigma de conhecimento está agitando para todos os educadores.
Gerenciar, coordenar, orientar na escola básica exigem outras competências e habilidades dos profissionais. Além da participação e da gestão democrática – conquistas que sempre deverão ser zeladas e consolidadas – a escola agora terá que transformar a gestão do currículo em gestão de conteúdos aos quais novos significados estão continuamente sendo associados, conhecimentos em revisão permanente, que se ampliam e se expandem até as fronteiras de outras áreas e agregam-se a valores que mudam dependendo do contexto.  
Desempenham papel decisivo os dirigentes, os gestores escolares e os especialistas de apoio à docência, para a efetiva execução das políticas. Eles têm a complexa tarefa de assistir institucional e tecnicamente a transposição, para o ambiente educativo específico de cada escola, das normas estabelecidas e dos recursos técnicos e financeiros disponibilizados pelas políticas.
Essa transposição requer acompanhar o desenvolvimento do setor educacional do ponto de vista macro, manter-se atualizado e informado quanto aos programas, materiais e outros recursos disponíveis, avaliar a oportunidade de seu uso no tempo e no espaço da escola, buscar sinergia entre eles, evitar duplicações, em resumo, gerenciar estrategicamente a implementação das políticas no chão da escola. Tais tarefas que não podem ser executadas pelos professores que têm sob sua responsabilidade a gestão cotidiana da sala de aula e da aprendizagem.  

Um gestor escolar tem, precisa considerar em sua qualificação, o conhecimento do contexto histórico-institucional no qual e para o qual atua. Dessa forma, a gestão da escola é um lugar de permanente qualificação humana, de desenvolvimento pessoal e profissional.


Diante desse quadro algumas exigências podem ser elencadas no que diz respeito à qualificação dos gestores:
a) Formação básica sólida em educação, compreendendo o domínio das ciências que lhe dão fundamentação.
b) Qualificação científica e técnica em gestão de instituições.
c) Formação continuada, visando associar conhecimentos e experiências, e aprimorar o desempenho pessoal e institucional.
São orientadores desse processo de qualificação as concepções de educação que visam à formação para a autonomia das pessoas e das instituições; a visão de futuro e de empreendedor; a formação para a gestão centrada na liderança e nos processos de coordenação de instituições educacionais.

No que se refere ao gestor escolar, vejamos algumas características fundamentais:
·   Liderar e contextualizar a construção da identidade da escola;
·   Garantir o trabalho coletivo liderando a colaboração dos saberes criando a inteligência coletiva, provocando a sinergia e colocando em sintonia a proposta pedagógica da escola;
·   Coordenar, mediar a construção, execução e avaliação da proposta pedagógica, em sintonia com o contexto sócio-político;
·   Incorporar a diversidade no ambiente escolar com alunos e equipe garantindo, assim, melhores condições para o ensino de boa qualidade para todos e uma gestão mais democrática e participativa;
·   Qualificar e parametrizar a autonomia. Estabelecer espaços para o exercício da autonomia estimulando a iniciativa e a criatividade, considerando as leis e as políticas educacionais;
·   Liderar o processo de construção da identidade da escola considerando a política educacional, a realidade dos alunos e do entorno da escola;
·   Liderar a elaboração da proposta pedagógica e o plano de desenvolvimento da escola;
·   Assessorar o processo de construção de indicadores de avaliação de aprendizagem;
·   Supervisionar a execução da proposta pedagógica;
·   Responder pela execução do plano de desenvolvimento da escola, inclusive aspectos de infra-estrutura e financeiros;
·   Implementar estilo de gestão aberto à diversidade de alunos e de membros da equipe escolar;
·   Identificar problemas e buscar soluções dos mesmos;
·   Promover a iniciativa e a autonomia de sua equipe;
·   Contribuir para a construção da identidade da escola, oferecendo subsídios das ciências que fundamentam a educação;
·   Coordenar diferentes saberes promovendo a articulação entre as áreas do conhecimento do currículo;
·   Gerenciar o processo de construção e partilha dos diferentes conhecimentos e saberes da equipe;
·   Gerenciar a preparação e a execução da proposta pedagógica e do plano curricular;
·   Incentivar, apoiar e monitorar a reflexão sobre a sala de aula, a prática didática e a avaliação do ensino e da aprendizagem;
·   Zelar pela autonomia pedagógica e didática de sua equipe;
· Contribuir para a construção da identidade da escola oferecendo subsídios quanto aspectos de aprendizagem e orientação para o trabalho;
·   Colaborar no processo de construção e partilhamento do conhecimento na equipe;
·   Colaborar, com o coordenador pedagógico, no planejamento e execução da proposta pedagógica e do plano curricular;
·   Colaborar na elaboração e implementação de programas e ações educativas  para alunos com deficiência;

·   Elaborar programas e ações de orientação e formação profissional.