Vivência poética na aula de Literatura infantil

4/19/2017 0 Comentarios

As alunas do terceiro e do quarto semestres do curso de pedagogia da WlaSan tiveram, na segunda-feira, 10/04, a última aula de Literatura Infantil do bimestre. Para esse momento de reflexão e avaliação, a professora Maura Bolfer, que também é a coordenadora geral do curso, propôs às alunas uma vivência poética que costurasse alguns elementos discutidos nos últimos dois meses: a autonomia feminina, a criação de um repertório de leitura de obras infantis, a poesia co
mo gênero literário e a desconstrução de maneiras fixas de lidar com questões do dia a dia — escolar ou não.

A vivência teve como base a atividade semanal de Indicação de livros, em que as alunas sugerem títulos de literatura infantil para serem trabalhados em sala de aula. Maura selecionou o poema “Ausência”, de Drummond, trazido por uma das alunas por dialogar com o livro A moça tecelã, de Marina Colassanti, uma frase de Paulo Leminski referida por outra estudante quando indicou o livro Escolhas que brilham, de Silvia Camossa, e uma frase de autor desconhecido levantada pela própria professora (os três textos seguem abaixo).

A partir disso, fora da sala de aula, as meninas foram incentivadas, primeiro, a criar uma pintura para expressar os sentidos de ausência para cada uma. Terminada a pintura, Maura pediu que cada uma explicasse a sua produção para as outras alunas. Em roda, diversos significados individuais de ausência foram expostos, acompanhados de intensa carga emocional: vieram à tona a perda de pessoas queridas, a distância, planos, amizade, maternidade, empatia, sonhos, futuro, passado e presente, numa catarse em que as alunas vocalizaram emoções por vezes pouco acessadas.

Em seguida, depois de ler o conto “O rei e a omelete”, de Walter Benjamin, as alunas criaram pequenas esculturas com massa de brigadeiro e confeitos coloridos — esculturas essas que não podiam ser as tradicionais bolinhas do doce! Depois, novamente em roda, elas puderam falar sobre a sua criação, mas desta vez de maneira mais leve e descontraída.

Assim, com arte, poesia, riso, choro e sobremesa, as meninas tiveram uma experiência bem diferente das aulas regulares, em que exercitaram a criatividade para elaborar emoções e conteúdos trabalhados no curso até aqui.  

Ausência
Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje, não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

“Quando a cor acorda a alma, a pintura recorda a poesia” (Paulo Leminski)

“Cozinhar é fazer poesia para se degustada” (autor desconhecido)
































Faculdade WlaSan

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