CIÊNCIAS E COTIDIANO 2018 - Trabalhando Modelos Celulares

Trabalhar o mundo microscópico com crianças é um desafio para a maioria dos professores de Ciências da Natureza, especialmente nos primeiros anos do Fundamental I. 
A utilização de microscópios, comum no Ensino Médio e Superior, não atente à demanda dos pequenos, que sequer conseguem ajustar seus olhos às lentes do equipamento. Além disso, os resultados observados são muito diferentes dos esquemas propagados em livros e vídeos, o que acaba por deixar os alunos frustrados e confusos. 
O estudo da célula, no entanto, não é dispensável.  É uma área bastante importante, uma vez que a célula é a menor unidade viva de um organismo e é utilizada para diferenciar um ser vivo daquele que não apresenta vida. É fundamental, também, nessa faixa etária, a apresentação da composição e classificação da vida, além da apresentação de escalas e modelos.
Tendo como objetivo aprimorar as diferentes representações de célula e o uso de diferentes estratégias de ensino,​ a professora Daniela Almenara organizou, para as alunas de primeiro semestre do curso de Pedagogia, uma oficina de produção de modelos(bidimensionais e tridimensionais) de diferentes tipos celulares. 

Usando massa de modelar, as futuras professoras exploraram as diferenças morfológicas entre células animais, vegetais e bacterianas. 

A utilização e produção de modelos utiliza o lúdico para aproximar os alunos de um universo abstrato e complexo, facilitando a assimilação de conceitos, proporções e particularidades das diferentes células vivas.

Os resultados dessa prática podem ser vistos nas fotos. 

 
 
 
 







 


 




"Educação para a Vida" e "Educação é vida" (nossa visão)


Os estudiosos da Educação se utilizam frequentemente de slogans e metáforas. Os slogans são certas expressões ou frases que sintetizam, de certa forma, um grande volume de informações. Eles são muito importantes porque imprimem uma espé­cie de força na comunicação dos orientadores com os professores ou com o pessoal envolvido nas atividades da escola. As metáfo­ras são figuras de linguagem onde se estabelece uma analogia de problemas educacionais com outros fenômenos já conhecidos.
"A escola educa para a vida", é um slogan. "O professor é o jardineiro que cuida da plantinha tenra até que possa sobrevi­ver sem ajuda", é uma metáfora.
Em Educação costuma-se situar duas grandes con­cepções, ou tendências, que englobam as formas particulares de pensar as finalidades da escola. Cada uma dessas tendências tem o seu slogan.
"A função da escola é preparar para a vida", é um deles. Muitos educadores, muitos professores, boa parte de pais, defen­dem a ideia de que a tarefa da escola é preparar "para a vida". Se, às vezes, não expressam seu pensamento nessa forma de slo­gan, ainda assim, imaginam a escola com essa função.
Nessa perspectiva os indivíduos teriam dois momentos em sua história. Um primeiro momento em que se é criança ou jovem, possuindo características que indicam uma espécie de incompletude: falta cultura, falta ficar maduro, falta aprender, falta, falta... A criança ou o jovem é uma espécie de adulto incompleto que, pela ação da escola e do tempo, tornar-se-á completo, madu­ro, pronto para a vida que se seguirá depois. Isso conota a ideia de que o segundo momento, a vida depois da escola, será mais frutuoso quanto mais duro, mais difícil, mais intenso, tiver sido o momento da preparação. "Estude hoje para ser alguém amanhã", é outro slogan correlato a essa forma de imaginar a função da escola.
"Educação é vida" é o slogan utilizado pelos que imagi­nam diferente a função da escola.
O criador da expressão foi John Dewey, filósofo da edu­cação contemporânea.
Esse slogan não considera que a história de cada indiví­duo se faça em duas etapas, uma onde se prepara e outra onde se vive. Na verdade história individual e vida se confundem.
Para os educadores que adotam tal slogan a criança não é ser incompleto ao qual falta alguma coisa. É antes um ser com­pleto que deve ser encarado em seu próprio estágio de desenvol­vimento.
A criança, logo após o parto, consegue sobreviver porque é ser completo para essa idade e por isso sobrevive em sua nova fase, agora extra-uterina. Uma criança de sete, oito, nove ou quantos anos se queira, será sempre um ser completo se tomada como nesse estágio de desenvolvimento. Não são adultos aos quais está faltando alguma coisa, mas seres completos, embora inaca­bados.
São inacabados sim, como somos todos. O homem em nenhum momento torna-se pronto, acabado. Sempre lhe está faltando alguma coisa, alguma experiência, em seu processo de vida. A vida é, no fundo, um processo de crescimento e acabamento que se prolonga até a morte, esta sim a última lição da vida. Enquanto não se morre não se viveu todas as experiências da vida. Só aí, depois da morte, é que se pode falar em homem acabado, pronto.
Essa ideia tem para a educação e para os professores uma importância muito grande. As crianças devem ser encaradas em seu estado de completude. Não são pequenos "anjos" ou "demoniozinhos" que temos que domesticar para se tornarem adultos dóceis, obedientes. Os seus atos, as próprias peraltices, são decorrentes de estados internos de indivíduos que estão descobrindo o mundo e suas leis. Nada do que fazem, nada do que falam é inútil. Tudo, se examinarmos na raiz da ação, tem a sua razão de ser. E mais ainda, não são ações gratuitas, mas ações ne­cessárias ao seu desenvolvimento físico, emocional, motor, inte­lectual. Se a inibimos, se a impedimos de agir quando a ação é es­pontânea, estaremos, certamente, tolhendo um movimento, uma fala, uma ação, que fará falta no seu processo de tornar-se adulto. Por isso se afirma sempre que a maior garantia de um adulto bem ajustado é dada pela vida de criança enquanto se é criança.
Os educadores que adotam como slogan "educação é vida" e fazem dele o seu ideário, sabem que o sucesso na etapa adulta da vida não decorre de períodos difíceis, sacrificados, quando se é criança, mas das possibilidades que a criança teve de ser criança, num processo contínuo de crescimento, sem saltar etapas, sem suprimir experiências. Etapas ou experiências não vivenciadas devidamente irão constituir lacunas em seu processo de crescimento que jamais serão preenchidas.
Fazer uma escola assim não é tarefa fácil. É muito mais cômodo para a escola, para os professores, um ambiente onde se restringe quase tudo que a criança gosta e precisa fazer. Suprime-se o barulho, suprime-se a contestação, suprime-se a criatividade, suprime-se a rebeldia. Mas o verdadeiro educador, o que conhece o que tudo isso significa na vida das crianças, esse não pensa duas vezes. Amplia o seu trabalho, o seu esforço, o seu em­penho, apesar dos contratempos, para fazer da educação a vida.

CONHECIMENTOS E HABILIDADES INTELECTUAIS

Até o início do século passado a pedagogia estava preocupada com o problema da "transferência da aprendizagem".
Essa questão era estudada pela psicologia e pode ser re­sumida da seguinte forma: de que maneira a aprendizagem de um conhecimento ou habilidade pode ser transferida de modo a facilitar a aprendizagem de outros conhecimentos e habilidades que, de alguma forma, lhe são correlatos? Saber tocar piano facilita a aprendizagem de outro instrumento? Quem sabe tocar piano aprende mais facilmente datilografia? Etc.
Era problema que, uma vez equacionado, poderia auxi­liar na organização dos currículos, especialmente quanto à se­quência dos conhecimentos que devem ser apresentados aos alu­nos. Essa questão ficou sendo conhecida como "transferência de aprendizagem específica".
Nos anos quarenta, no entanto, essa linha de estudos foi abandonada. O problema continuou sendo estudado, mas de outra perspectiva que ficou sendo conhecida como "transferência de aprendizagem não específica". A nova visão ficou mais ou menos assim colocada: que coisas devem ser ensinadas de forma que quem as aprenda possa adquirir novos conhecimentos no futuro, por si só, sempre que isso se fizer necessário?
Essa nova visão levou a distinguir no ato de aprender duas facetas distintas: a aprendizagem de conhecimentos e a aprendizagem de habilidades intelectuais.
No que diz respeito à aprendizagem de conhecimentos, a pedagogia se encaminhou no sentido de apresentar aos alunos os aspectos fundamentais, as grandes sínteses e visões, de forma que o seu domínio permita acrescentar todos os detalhes de co­nhecimentos sempre que isso se fizer necessário.
A aprendizagem de habilidades intelectuais, que sempre se deu de maneira aleatória, como sub-produto das aulas, passou a merecer a atenção da pedagogia.
Ao longo da história institucionalizada o professor sem­pre esteve preocupado em transmitir um conjunto de conheci­mentos que existem "para ser ensinados em escolas", aquilo que está nos compêndios de cada campo ou matéria. É o "saber com­pendiado". Os professores tratam de tornar tais assuntos "digeríveis" com explicações e exemplos; os alunos se exercitam, memo­rizam, depois respondem a algumas questões incluídas em provas e estão todos satisfeitos. Se depois, ao cabo de alguns dias apenas, os alunos são incapazes de se recordar do que foi ensinado parece não preocupar ninguém.
Em nossas vidas fomos todos obrigados a "aprender" tais assuntos, devolvê-los nos dias de provas e exames. E fizemos isso e fomos aprovados. Quando se começa, no entanto, a pesqui­sar em que medida o que fazemos em nossas vidas profissionais foi aprendido na escola parece que encontramos um vazio. Parece que tudo foi aprendido depois, em situações problemas nas quais nos vimos envolvidos e tivemos que estudar, nada tendo a ver com a aprendizagem daqueles "conhecimentos compendiados". Quan­tos de nós têm condições de responder perguntas de História, Geografia, Matemática, Gramática etc, que já respondemos quando éramos alunos?
Isso, então, é uma declaração que a escola foi inútil? Não. De forma nenhuma. Estamos desejando demonstrar que a função da escola não está ligada somente aos conhecimentos que nos tenta­ram ensinar. A sua função está, também, nos sub-produtos de suas atividades. Enquanto o professor nos ensinava conhecimentos e nos fazia trabalhar com eles, estava, na verdade, ensinando-nos outras coisas, ensinava-nos habilidades intelectuais e hábitos de traba­lho.
A partir dos anos cinquenta a pedagogia passou a encarar a questão de outro ângulo. Se o que levamos da escola são as habilidades intelectuais, estas sim úteis por toda a vida que nos permitem aprender mais, ir mais adiante, enfrentar problemas novos e resolvê-los, por que não se preocupar expressamente com essas habilidades intelectuais? Por que não resgatar para a preocupação principal da escola, esse local privilegiado, aquilo que antes era apenas sub-produto da aprendizagem?
E que vêm a ser tais Habilidades Intelectuais?   
Um grupo de educadores e psicólogos nos Estados Uni­dos, sob a liderança de Benjamin Seymour Bloom elaborou um trabalho interessante a respeito. Dividiu os objetivos da escola em dois grandes campos: conhecimentos e habilidades. O primeiro comporta apenas uma categoria; o segundo cinco categorias. E essas seis categorias possuem um "continuum" de dificuldade e importância da menor para a maior. São as seguintes pela ordem: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.
Em razão do "continuum" que se estabelece, o domínio de uma categoria implica no domínio das categorias precedentes mais baixas. Assim, um indivíduo que faz aplicação está demonstrando, ao mesmo tempo, que tem o domínio da compreensão e do conhecimento.
Eis o significado de cada uma das categorias:

1.  Conhecimento - é o domínio de fatos, leis, teorias etc, e pode ser demonstrado pela evocação (lembrança). Implica sempre em memória.
2.  Compreensão - significa a habilidade de apreender o significa­do de um certo assunto ou material. Implica em interpretar o material ou ideia que está sendo ensinado.
3.  Aplicação - é a habilidade em utilizar um material aprendido abstratamente como leis, teorias, regras etc, em situações no­vas e concretas.
4.  Análise - é a habilidade de separar um determinado assunto ou material em suas partes constitutivas de modo que a estru­tura organizacional possa ser entendida.
5.  Síntese - é a habilidade de combinar os elementos ou partes de um determinado assunto ou material de forma a constituir um novo todo.
6.  Avaliação - é a habilidade de julgar um certo material tanto do ponto de vista de sua coerência interna como de sua relevân­cia ou aplicabilidade para a vida.

A escola preconizada não se descuida do conhecimento. Afinal ele é base e pretexto para a aprendizagem das habilidades. Estas só podem ser aprendidas enquanto dirigidas a determinados conhecimentos que, aliás, estão na base do "continuum".
E qual a importância dessas habilidades intelectuais pa­ra a vida futura do aluno? Inestimáveis. São, na verdade, os valo­res que a sociedade cobra dos indivíduos engajados em qualquer atividade produtora. Em qualquer empresa, em qualquer atividade, o de maior prestígio não é aquele que apenas conhece fatos, leis, teorias, mas aquele capaz de, numa situação problema, utili­zar as mais diversas habilidades intelectuais. Uma simples regra de gramática em língua portuguesa de nada serve se não puder ser aplicada em situações concretas, no ato de escrever. A empre­sa procura alguém que saiba redigir e não alguém capaz de resol­ver questões de gramática.
Organizar uma escola preocupada em colocar no primeiro plano as habilidades intelectuais não é fácil. Durante séculos a escola preocupou-se com conhecimentos; durante muitos anos os professores engajados no processo estiveram preocupados em transmitir conhecimentos. Não é fácil transformar tudo do dia para a noite. Mas estamos lutando. Com a certeza do que deve ser feito, com a orientação e treinamento dos professores vimos já alcançando sucesso animador. Oxalá num dia muito breve possamos dizer, aqui no Uirapuru tudo está sendo desenvolvido, sem qualquer entrave, de acordo com essa perspectiva.

Frestas

Nos dias 03 e 10 de Outubro os alunos do curso de Pedagogia da WLASAN tiveram uma aula diferente. Com o acompanhamento das professoras Cristina Sato e Denise Lopes, os alunos fizeram uma visitação monitorada à 2º Edição da Trienal de Arte – FRESTAS do SESC Sorocaba.

Trata-se de uma grande exposição de Arte Contemporânea, com a curadoria de Daniela Labra e que, nessa edição, abordou o tema “Entre Pós-Verdades e Acontecimentos”. Os alunos puderam observar e interagir com obras de artistas nacionais e internacionais, refletir sobre os questionamentos propostos e, fundamentalmente, estabelecer conexões com o cotidiano escolar, com a prática docente e com a presença da Arte no currículo escolar.

A respeito dessa experiência, a aluna do quarto semestre Andressa Lima Silva nos conta:
“A visita guiada pela exposição foi uma experiência inspiradora e maravilhosa, que ajudou a tornar a minha aprendizagem significativa, aliando a teoria aprendida na disciplina de Práticas de Ensino da Arte com o que vi e vivenciei na exposição.

O que mais me impressionou foi ver como a arte se apresenta em diversas formas e que uma obra só é completa no encontro do olhar de mundo do artista como olhar do mundo do espectador.

Essa exposição será inesquecível para a Andressa aluna que nunca teve oportunidades como essa, para a professora em formação que quer proporcionar momentos assim para seus alunos e para a pessoa que vivenciou o quanto estar em contato com a cultura e a arte nos humaniza, sensibiliza e transforma.”


Confiram alguns momentos dessa experiência:









Vivência poética na aula de Literatura infantil

As alunas do terceiro e do quarto semestres do curso de pedagogia da WlaSan tiveram, na segunda-feira, 10/04, a última aula de Literatura Infantil do bimestre. Para esse momento de reflexão e avaliação, a professora Maura Bolfer, que também é a coordenadora geral do curso, propôs às alunas uma vivência poética que costurasse alguns elementos discutidos nos últimos dois meses: a autonomia feminina, a criação de um repertório de leitura de obras infantis, a poesia co
mo gênero literário e a desconstrução de maneiras fixas de lidar com questões do dia a dia — escolar ou não.

A vivência teve como base a atividade semanal de Indicação de livros, em que as alunas sugerem títulos de literatura infantil para serem trabalhados em sala de aula. Maura selecionou o poema “Ausência”, de Drummond, trazido por uma das alunas por dialogar com o livro A moça tecelã, de Marina Colassanti, uma frase de Paulo Leminski referida por outra estudante quando indicou o livro Escolhas que brilham, de Silvia Camossa, e uma frase de autor desconhecido levantada pela própria professora (os três textos seguem abaixo).

A partir disso, fora da sala de aula, as meninas foram incentivadas, primeiro, a criar uma pintura para expressar os sentidos de ausência para cada uma. Terminada a pintura, Maura pediu que cada uma explicasse a sua produção para as outras alunas. Em roda, diversos significados individuais de ausência foram expostos, acompanhados de intensa carga emocional: vieram à tona a perda de pessoas queridas, a distância, planos, amizade, maternidade, empatia, sonhos, futuro, passado e presente, numa catarse em que as alunas vocalizaram emoções por vezes pouco acessadas.

Em seguida, depois de ler o conto “O rei e a omelete”, de Walter Benjamin, as alunas criaram pequenas esculturas com massa de brigadeiro e confeitos coloridos — esculturas essas que não podiam ser as tradicionais bolinhas do doce! Depois, novamente em roda, elas puderam falar sobre a sua criação, mas desta vez de maneira mais leve e descontraída.

Assim, com arte, poesia, riso, choro e sobremesa, as meninas tiveram uma experiência bem diferente das aulas regulares, em que exercitaram a criatividade para elaborar emoções e conteúdos trabalhados no curso até aqui.  

Ausência
Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje, não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

“Quando a cor acorda a alma, a pintura recorda a poesia” (Paulo Leminski)

“Cozinhar é fazer poesia para se degustada” (autor desconhecido)
































CARACTERÍSTICAS DO BOM GESTOR


| Arquivado em: WlaSan.

Profa. Maura Bolfer

Nos dias atuais a ênfase do trabalho escolar está ancorada nos processos de ensino-aprendizagem, finalidade maior de todo o esforço a ser despendido. Essa ideia representa um novo olhar para a escola e, consequentemente, uma nova postura diante dos atores escolares e do que deve ser realizado, pois subordina o caráter administrativo ao pedagógico. Isso se dá porque a aprendizagem dos alunos é a principal razão de ser da escola.


imagem: www.flickr.com

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) trata a escola e o aluno com uma ênfase que não havia sido ainda dada pelas leis que a antecederam. Ao fixar diretrizes para organizar a educação nacional, sua principal característica é a flexibilidade. Essa característica indica regras comuns a serem observadas em todos os sistemas de ensino bem como as diversas possibilidades de organização da escola e do trabalho escolar. Desse modo tende a atender as diferenças regionais e locais.
Os sistemas educacionais, como um todo, e as escolas, como unidades sociais especiais, são organismos vivos e dinâmicos. Ao serem vistas como organizações vivas, caracterizadas por uma rede de relações entre todos os elementos que nelas atuam ou interferem, a sua administração demanda um novo enfoque de organização e é a esta necessidade que a gestão escolar procura responder. Ela abrange, portanto, a dinâmica das interações, em decorrência do que o trabalho, como prática social, passa a ser o enfoque orientador da ação de gestão realizada na escola.
A lei atribui ao estabelecimento – vale dizer ao profissional ou aos profissionais que o gerenciam – uma autonomia inédita no quadro institucional da educação brasileira. Essa autonomia, cuja expressão operativa é o direito de formular e executar um projeto pedagógico próprio, não poderá ser alcançada sem uma gestão escolar sintonizada com as demandas sociais, capaz de liderar o exercício coletivo que será a negociação sobre os objetivos, meios e indicadores de resultado que cada escola identificará para cumprir sua missão, nos termos da lei. A tarefa técnica que será trabalhar conteúdos curriculares de modo a garantir aprendizagem para todos, que são distintos e diversos, exigirá o aporte dos conhecimentos e da liderança pedagógicos que se espera do especialista.
Nesse contexto, um diretor de escola é um gestor da dinâmica social, um mobilizador e orquestrador de atores, um articulador da diversidade capaz de gerar unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e na formação de seus alunos. Para tanto, em seu trabalho, presta atenção a cada evento, circunstância e ato, como parte de um conjunto de eventos, circunstâncias e atos, considerando-os globalmente, de modo interativo e dinâmico.


Os processos de construção das aptidões cognitivas e atitudinais necessárias ao gestor escolar alicerça-se em três pilares: o conhecimento, a comunicação e a historicidade. O conhecimento é o objeto específico do trabalho escolar. Portanto, a compreensão profunda do processo de (re)construção do conhecimento no ato pedagógico é um determinante da formação do gestor escolar. O segundo eixo de sua formação é a competência de interlocução. A competência linguística e comunicativa é indispensável no processo de coordenação da elaboração, execução e avaliação do projeto político-pedagógico. É fundamental a competência para a obtenção e sistematização de contribuições, para que, no processo educativo escolar, a participação seja efetiva pela inclusão das contribuições dos envolvidos, inclusive, em documentos (re)escritos. O terceiro eixo é sua inscrição histórica. A escola trabalha o conhecimento em contextos históricos específicos e determinados. O reconhecimento das demandas educacionais, como também das limitações, das possibilidades e das tendências deste contexto histórico, no qual se produz e se trabalha o conhecimento, é fundamental para o seu impacto e o sentido da prática educativa e para sua qualidade.
Esse cenário não tem apenas impacto pedagógico, mas afeta a gestão da escola e todas as demais funções de apoio ao trabalho pedagógico e à docência. Do especialista se exigirá que seja informado do que se passa em seu contexto imediato e longínquo, que estimule a abertura da escola e do currículo para os demais espaços de acesso ao conhecimento, que lidere a equipe no mar de incertezas que o novo paradigma de conhecimento está agitando para todos os educadores.
Gerenciar, coordenar, orientar na escola básica exigem outras competências e habilidades dos profissionais. Além da participação e da gestão democrática – conquistas que sempre deverão ser zeladas e consolidadas – a escola agora terá que transformar a gestão do currículo em gestão de conteúdos aos quais novos significados estão continuamente sendo associados, conhecimentos em revisão permanente, que se ampliam e se expandem até as fronteiras de outras áreas e agregam-se a valores que mudam dependendo do contexto.  
Desempenham papel decisivo os dirigentes, os gestores escolares e os especialistas de apoio à docência, para a efetiva execução das políticas. Eles têm a complexa tarefa de assistir institucional e tecnicamente a transposição, para o ambiente educativo específico de cada escola, das normas estabelecidas e dos recursos técnicos e financeiros disponibilizados pelas políticas.
Essa transposição requer acompanhar o desenvolvimento do setor educacional do ponto de vista macro, manter-se atualizado e informado quanto aos programas, materiais e outros recursos disponíveis, avaliar a oportunidade de seu uso no tempo e no espaço da escola, buscar sinergia entre eles, evitar duplicações, em resumo, gerenciar estrategicamente a implementação das políticas no chão da escola. Tais tarefas que não podem ser executadas pelos professores que têm sob sua responsabilidade a gestão cotidiana da sala de aula e da aprendizagem.  

Um gestor escolar tem, precisa considerar em sua qualificação, o conhecimento do contexto histórico-institucional no qual e para o qual atua. Dessa forma, a gestão da escola é um lugar de permanente qualificação humana, de desenvolvimento pessoal e profissional.


Diante desse quadro algumas exigências podem ser elencadas no que diz respeito à qualificação dos gestores:
a) Formação básica sólida em educação, compreendendo o domínio das ciências que lhe dão fundamentação.
b) Qualificação científica e técnica em gestão de instituições.
c) Formação continuada, visando associar conhecimentos e experiências, e aprimorar o desempenho pessoal e institucional.
São orientadores desse processo de qualificação as concepções de educação que visam à formação para a autonomia das pessoas e das instituições; a visão de futuro e de empreendedor; a formação para a gestão centrada na liderança e nos processos de coordenação de instituições educacionais.

No que se refere ao gestor escolar, vejamos algumas características fundamentais:
·   Liderar e contextualizar a construção da identidade da escola;
·   Garantir o trabalho coletivo liderando a colaboração dos saberes criando a inteligência coletiva, provocando a sinergia e colocando em sintonia a proposta pedagógica da escola;
·   Coordenar, mediar a construção, execução e avaliação da proposta pedagógica, em sintonia com o contexto sócio-político;
·   Incorporar a diversidade no ambiente escolar com alunos e equipe garantindo, assim, melhores condições para o ensino de boa qualidade para todos e uma gestão mais democrática e participativa;
·   Qualificar e parametrizar a autonomia. Estabelecer espaços para o exercício da autonomia estimulando a iniciativa e a criatividade, considerando as leis e as políticas educacionais;
·   Liderar o processo de construção da identidade da escola considerando a política educacional, a realidade dos alunos e do entorno da escola;
·   Liderar a elaboração da proposta pedagógica e o plano de desenvolvimento da escola;
·   Assessorar o processo de construção de indicadores de avaliação de aprendizagem;
·   Supervisionar a execução da proposta pedagógica;
·   Responder pela execução do plano de desenvolvimento da escola, inclusive aspectos de infra-estrutura e financeiros;
·   Implementar estilo de gestão aberto à diversidade de alunos e de membros da equipe escolar;
·   Identificar problemas e buscar soluções dos mesmos;
·   Promover a iniciativa e a autonomia de sua equipe;
·   Contribuir para a construção da identidade da escola, oferecendo subsídios das ciências que fundamentam a educação;
·   Coordenar diferentes saberes promovendo a articulação entre as áreas do conhecimento do currículo;
·   Gerenciar o processo de construção e partilha dos diferentes conhecimentos e saberes da equipe;
·   Gerenciar a preparação e a execução da proposta pedagógica e do plano curricular;
·   Incentivar, apoiar e monitorar a reflexão sobre a sala de aula, a prática didática e a avaliação do ensino e da aprendizagem;
·   Zelar pela autonomia pedagógica e didática de sua equipe;
· Contribuir para a construção da identidade da escola oferecendo subsídios quanto aspectos de aprendizagem e orientação para o trabalho;
·   Colaborar no processo de construção e partilhamento do conhecimento na equipe;
·   Colaborar, com o coordenador pedagógico, no planejamento e execução da proposta pedagógica e do plano curricular;
·   Colaborar na elaboração e implementação de programas e ações educativas  para alunos com deficiência;

·   Elaborar programas e ações de orientação e formação profissional.